Emmanuel d’Hooghvorst
Tradução do francês: Marina Ungaretti
A MR é um livro que escolhe seus leitores. Ele suscitou grandes entusiasmos, mas também, junto a outras pessoas, repulsão, tédio, suspeita.
Como defini-lo? Nem todos o lerão da mesma forma. O nome do livro indica a natureza do seu conteúdo: a mensagem; mensagem de quem? De quando é datado? Porque “reencontrada”? Foi perdida? Por quem? Por quê? Como? Porque esse título foi escolhido pelo autor dessas sentenças?
Sem dúvida, este autor anuncia uma inspiração. Será que se pode decifrá-la nestas páginas, às vezes difíceis, enigmáticas, tediosas para alguns, mas frequentemente também de um calor comovente, de uma poesia, de uma fé, de uma simplicidade de criança? Quais são os leitores que saberão distinguir nessas páginas um saber de unidade tão antigo quanto a humanidade tradicional: um saber de santidade, um saber de salvação? A “MR” é, como se se dissesse, o Mistério revivificado; não mais ensinado pesadamente pelos historiadores, mas experimentado, assimilado e vivido na simplicidade do coração e do espírito. É preciso saber folhear ao acaso estas folhas de sentenças “condensadas como o ar líquido”, e, no entanto, de uma riqueza surpreendente, aonde nem uma única palavra é supérflua, mas onde tudo se ordena num sentido único, que não se revela na primeira leitura.
Que direi da MR, eu que a leio há 30 anos e que a percebo sempre nova? É um vade-mécum, aquele dos exilados, a bússola dos que estão perdidos, o companheiro do peregrino. Seu autor viveu desconhecido, mesmo daqueles que acreditavam conhece-lo. Ele meditou este livro no silencio e no abandono deste mundo, e a partir disso formou e poliu as sentenças dia após dia com um savoir-faire tão à vontade quanto sábio.
Leiam aí então a fé do criador em sua criatura, vocês que vivem neste fim de um mundo, a fadiga e a usura de todas as sutilezas! Este livro lhes agradará se vocês preferem a coisa às palavras, o saber que une à ciência inumerável, a consciência ao delírio. Estes versículos não são impenetráveis: eles falam somente àquilo que há de mais essencial em nós, e muitas vezes, ai de nós!, de mais negligenciado ou desprezado. Eis porque poucos o apreciam.
É a esses que os editores da 3ª edição quiseram prestar serviço, àqueles que estão fatigados de um mundo sem saída, de um mundo cada vez mais estrangeiro a tudo que é verdadeiramente humano, de um mundo onde a sabedoria antiga parece irrisória e inútil. Esses verão que era suficiente apenas um homem…