Paris-Cairo – correspondência entre Louis Cattiaux e René Guénon de 1947 a 1950 (cont.)


Tradução do francês: Marina Coelho Ungaretti

Louis Cattiaux

Paris, 5 de janeiro de 1948

Senhor,

Fico honrado de saber que o senhor se interessou suficientemente pela minha obra A Mensagem Reencontrada, ao ponto de aceitar reler um exemplar finalizado às pressas, que eu lhe envio junto com estas palavras. O capítulo XIII está anexado em folhas soltas OK, e não deverá aparecer até a próxima edição, se é que haverá uma?

O que o senhor queira dizer desse livro nos “Etudes Tradiotionnelles” será precioso para mim, não importando qual seja a sua opinião, assim como o seu sentimento particular que eu espero conhecer diretamente.

Ficarei feliz de que o senhor não leve em conta a minha pessoa, nem as nossas relações comuns, para que o senhor diga o que lhe parecer justo e necessário sobre a obra que está sendo submetida ao seu julgamento, mesmo que a coisa pareça dolorosa e dura; pois esse é o único meio de preservar ao verbo humano uma honestidade que parece em vias de desaparecer um pouco mais a cada dia.

Envio ao senhor os meus bons pensamentos.

René Guénon

Cairo, 31 de janeiro de 1948

Caro Senhor,

Acabo de receber a sua carta, assim como o exemplar completo do seu livro, pelo que eu lhe agradeço. Quando eu falar a respeito nos “Etudes Traditionnelles”, fica bem entendido que eu direi francamente o que penso, como o senhor me pede, e como aliás eu sempre faço.

Por agora, permita-me colocar-lhe somente uma questão com relação à disposição do seu texto em duas colunas paralelas: entre as coisas postas assim face a face, se há algumas das quais a relação é bem visível, há muitas outras, pelo contrário, nas quais essa relação não aparece claramente; seria possível que o senhor me explicasse algo sobre quais foram as suas intenções ao adotar essa disposição?

Perdoe-me por estas poucas notas escritas às pressas; e creia, Caro Senhor, nos meus melhores sentimentos.