A doutrina e a experiência

Carta nº. 41 do Florilegio Epistolar,de Louis Cattiaux[1]

Seleção de Emmanuel d’Hooghvorst

Tradução do espanhol: Regina de Carvalho

Sem dúvida, a doutrina é necessária, mas há que referi-la à busca terrestre do Senhor de vida e não interpretá-la nas nuvens do intelecto, como fazem todos estes senhores superinstruídos e superinteligentes que, em definitivo, deliram no vento que dá voltas e os faz girar como piões ruidosos e vazios. A pior das armadilhas e prisões é estar satisfeito da própria inteligência e saber exotérico; com isto me refiro a todos os saberes que não tocam a essência das coisas e quando digo tocar o entendo no sentido comum e palpável.

O Senhor habita e o homem de Deus é habitado… Mas cuidado, sempre te falo no sentido plano o que é quase incrível para muitos. Habitua-te a não entender nada de forma intelectual, isto te conduzirá diretamente à verdade transcendente e encarnada que vive e te liberará das abstrações que não são.

Portanto, o mistério da encarnação é atual e vivo: reze comigo para que o possamos contemplar, beijar a Jesus Cristo nos lábios e viver eternamente por ele.

Sobretudo, não interpretes isto outra vez com o intelecto! Senão como um menino que crê no Papai Noel, sem a mínima dúvida. Eis aqui o grão que devemos incubar em segredo, e assim, um dia, ver e tocar o invisível e impalpável.


[1] Arola Editors, Tarragona (E), 1999